quarta-feira, setembro 06, 2006

Tropical Feeling...

Wherever we are we need...

sábado, setembro 02, 2006

Format CBR!

Abaixo segue na integralidade a crónica de Paulo Marques, colaborador do Diário As Beiras [DB]. Face à impossibilidade de localizar o formato digital na página do DB, optei pela transcrição completa (sublinhados meus). O autor poderá reclamar a amputação deste post que a gerência anuirá de pronto. [a contragosto ;-)]

«Esplanadas da boémia criativa

A Praça da República já não é o centro nevrálgico da cidade. Mas ainda é o fulcro da vida académica e cultural. E, já agora, também da boémia, estudantil e não só. Muitos anos a fio fiz da praça a minha segunda casa. Das epopeias de cinema não americano no Gil ao espreitar das garotas no Mandarim já convertido ao betismo. Das correrias à chuva até à esplanada do Moçambique aos jornais com cheiro a graxa de sapatos no quiosque do senhor Machado. Dos intermináveis e negociáveis bónus nos flippers à disputa de táxis ao fim da noite. Das cabinas telefónicas postas a jeito dos discos pedidos na rádio da Carapinheira aos longos e pensativos cigarros em passeio romântico, ou apenas aspirando a intelectual, pelo centro do empedrado mágico.
Mas a praça, para mim, foi sobretudo vivida nos cafés, naquele canto da calçada curva, entre o Piolho e o Tropical. Mais fora do que dentro. Tantas vezes aos encontrões, por entre a turba, desesperadamente procurando uma cadeira.
Aquelas esplanadas contíguas são, como sempre foram, a alma de um espaço ímpar. Ao contrário de outras, resistiram bem ao tempo e à concorrência. Sempre vivas e um tanto caóticas. Um ambiente fantástico. Na cidade, só mesmo algumas noites loucas na Rua da Matemática algum dia se lhe equiparava.
Agora, ouço dizer que a câmara quer disciplinar aquele espaço. Não sei como, se reduzindo as mesas e cadeiras a duas ou três ou se impondo cores, materiais ao mobiliário. Há quem se escandalize pela falta de espaço de passagem, no passeio, por entre as esplanadas. Os mesmos que continuam a autorizar o estacionamento de automóveis ali mesmo à frente, ainda por cima à borla.
Admito que as normas e os regulamentos empurrem as esplanadas para a míngua. Regras que, qualquer dia, hão-de proibir fumar ao ar livre ou obrigar a andar com preservativo à vista, meio saído da algibeira do casaco, como dantes os lencinhos... Mas, tal como no tempo da resistência ao esburacamento para um parque de estacionamento, cá estarei para dizer não ao fim de um território de eleição para a boémia criativa.»

Paulo Marques
Diário As Beiras | 30 Agosto 2006

Só a palavra disciplinar já me arrepia os cabelos (os que ainda não estão arrepiados, claro). Este é provavelmente o pior ataque aos direitos civis desde a erradicação dos tradicionais fogareiros das ruas algarvias! Vá, vamos lá a pôr os lencinhos na cabeça à Rambo e entoar o grito de guerra: «-- Praça ou Muerte!». Chegou a hora da Brigada do Tremoço! «-- Não Praçarão

[NOTA: eu não sei do que é que se trata, mas não podia desperdiçar um bom pretexto para trazer emoção a Coimbra!]